Amiga, senta aqui. Hoje a conversa é séria. Você já se pegou se sentindo culpada o tempo todo em um relacionamento? Como se tudo fosse sua responsabilidade? Ou talvez tenha aquela sensação estranha no peito, como se algo estivesse errado, mas você não consegue explicar? Se alguma dessas perguntas te fez pensar, a gente precisa falar sobre relacionamentos abusivos.
Nem sempre um relacionamento tóxico começa com gritos, agressões ou algo escancarado. Às vezes, ele se infiltra devagar, disfarçado de “é para o seu bem”, “faço isso porque te amo” ou “você nunca vai encontrar alguém melhor que eu”.
Aos poucos você começa a sentir que nunca é boa o suficiente. Cada pequena conquista que antes te enchia de orgulho agora parece pequena demais. Ele sempre encontra um jeito de te fazer acreditar que poderia ter feito melhor, que suas vitórias não são tão incríveis assim. E quando você percebe, aquela confiança que sempre teve em si mesma começa a desmoronar.
No início, o ciúme dele pode parecer um carinho extra, um cuidado especial. Mas logo ele começa a decidir com quem você pode falar, onde pode ir, quais roupas são “apropriadas”. Tudo parece uma “preocupação genuína”, até que um dia você percebe que já não toma mais suas próprias decisões. Você já não liga para aquela amiga porque “ele não gosta dela”, evita sair com sua família porque “eles não te entendem”. Aos poucos, você se vê cada vez mais sozinha, cercada apenas por ele. Isso não é amor, é controle.
E quando vocês brigam, a culpa, de alguma forma, sempre acaba sendo sua. Você começa a duvidar de si mesma, repassa cada palavra, tentando entender onde errou. No final, é você quem pede desculpas. Ele nunca. Essa inversão de culpa é um jogo perigoso. Aos poucos, você se acostuma a pisar em ovos, a escolher palavras com cuidado, a esconder sentimentos para evitar conflitos. Você acha que é respeito, mas a verdade é se tornou medo.
E quando tenta se abrir, quando finalmente encontra forças para dizer que algo te machuca, a resposta vem rápida: “você exagera”, “é drama seu”. Suas emoções são diminuídas, seus sentimentos desacreditados. Você começa a se questionar: será que eu realmente estou exagerando? Será que ele tem razão? Mas dentro de você, uma parte silenciosa grita: não, não tem.
E então ele te convence de que sem ele, você não seria nada. Que ninguém te amaria como ele ama. Que você nunca conseguiria sozinha. Mas você conseguiria. Você sempre conseguiu. Você é forte, brilhante, incrível – e não precisa de ninguém que te faça duvidar disso.
Se algo dentro de você se reconhece nessas palavras, se aquela vozinha interna que você vem tentando calar insiste em dizer que tem algo errado, escute. Amor não é controle, amor não te faz sentir medo, amor não te diminui. Você merece mais. Você merece se sentir livre.
Quero te lembrar de uma coisa muito importante: você merece muito mais. Amor de verdade não dói, não sufoca e não te faz sentir pequena.
Se precisar conversar ou buscar ajuda, procure apoio. Não tenha medo de pedir socorro. Você não está sozinha.
